Relatividade

A vida é um eterno avançar e retroceder. E o que parece ser um avanço na realidade pode ser um grande retrocesso, pois a lente pode ser apenas a objetiva de um telescópio voltado para mim mesma.

Passam-se os anos traçando rotas, delimitando caminhos, reforçando prazeres, depurando gostos. Novas desilusões, tristezas, nova alegrias e flores.

Juro a mim mesma não cometer os mesmos erros e acabo acertando o caminho. Fico feliz, pois durante anos sigo meu planejamento. Segue-se a paz e a vida, sem sobressaltos, sem verões escaldantes, sem invernos rigorosos.

“Relatividade”, M. C. Escher, 1953, litografia

Mas aí vem a relatividade e muda tudo. De uma pintura renascentista, com todas as suas métricas passa-se sem avisar para uma obra de Escher, onde não há saída. Do belo céu de Bellini sou içada ao cinza das escadas infinitas onde me canso de subir e descer ao procurar uma fresta de claridade. Mas quando canso de subir e descer as escadas sem sucesso, sento e choro, tentando entender o que estava acontecendo de errado, já que o planejamento estava sendo seguido.

E foi necessária apenas uma lágrima se transformar em prisma, e através do arco-íris formado, pude perceber que a minha objetiva estava focada em mim, e não na beleza do mundo e nas supresas que ele nos dá. E quando olho para fora, surge um mundo de possibilidades para um futuro diferente do que imaginei até agora.

Tenho coragem de virar o telescópio e vislumbro um mundo sem métricas, sem tons de cinzas. Também não sei que cores tem ainda, descobrirei aos poucos. Junto com os odores e sabores que virão.

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