História do Conhecimento e a interface de todas as histórias

Quandos buscamos personalidades na história clássica, sempre vemos um espírito polímato, ou seja, que tem conhecimento sobre vários assuntos. Por exemplo, quando falamos de Tales de Mileto, estamos nos referindo a um filósofo que ao mesmo tempo era considerado astrônomo, matemático e engenheiro.

Em determinado momento da nossa história, nos períodos que rondam o Iluminismo, vimos surgir as ciências naturais como disciplina, e a partir de então não só temos as disciplinas – química, física, biologia, astronomia, entre outras – mas também as mais diversas especialidades – fisiologia, anatomia, morfologia, etc.

Mas estas especialidades não podem ser trabalhadas de forma estanque e individual. Como explicar pessoas que não aceitam a transfusão de sangue por motivos religiosos sem que a interface história da religião e história da ciência não seja explorada? E estamos falando de no mínimo dois campos do saber. Se inserir outras variáveis, como por exemplo que em alguns países, caso o doente esteja em risco de morte, o Estado suplanta a vontade do indivíduo e realiza a transfusão, entram em jogo questões politicas e sociais infinitas.

Percebe-se que todas as “caixinhas” do saber humano estão interligadas, como se fosse uma grande rede de comunicação das mais diversas possíveis. Olhar apenas para a história que interessa, é postular teorias contaminadas de erros

História do Conhecimento é algo sinérgico a partir da convergência entre vários campos do saber e suas informações existentes, em um processo multifacetado da história

E é sobre a História do Conhecimento que eu me debruço nos meus trabalhos. Nenhum fato se explica por si mesmo. Tudo é interligado, e o barato de trabalhar com a História do Conhecimento é descobrir estas interfaces fluidas e tentar entender fenômenos da sociedade que aparentemente parecem ser impossíveis de se explicar, como a teoria da terra plana em pleno século XXI e o movimento antivacina no meio de uma epidemia mortal.

Esse trabalho me fascina, me preenche, me faz sempre buscar mais. Mais histórias, mais conhecimentos, mais interconexões, na tentativa de entender um pouco mais esta nossa Humanidade.

Vamos juntos nesta jornada?