Sob o véu denso do céu estrelado

Primeiro foi o Nada. Foi a subtração.

Subtração de vidas, de liberdades. Subtração de sonhos e de realidades.

E sobre a solidão de máscaras, de lugares, eu te procuro no local mais improvável.

E de toda a improbabilidade, paradoxalmente a esperança se materializou.

Que aquele pedido silencioso se faça de carne e osso, incorporado através de todos os sentidos.

O contraponto da minha mente acelerada e caótica, a pausa necessária.

Meu olhar em movimento começou a vislumbrar o mundo sem a lâmina fria que causa a dor de viver em um mundo cinza.

Mas ao mesmo tempo em que tudo fez sentido, nada fez sentido, pois a caminhada na aridez do caminho sempre foi só.

O véu do desconhecimento deve ser retirado, pouco a pouco. Descobertas, reflexões, acordos.

Deverei avisar à Magritte que a distância virtual colocada entre a tessitura dos amantes será retirada?

Farei isso com minhas próprias mãos.

Não será através da queda brusca do véu, pois tudo será com a delicadeza de uma bailarina, e aos poucos conseguirei transformar este pano denso e disforme em algo fluido e etéreo.

Também não quero que o véu se desfaça totalmente, mas que ele fique tão sutil que a vida jamais abandone o mistério.

O mistério de viver, o mistério de amar, o mistério de se entregar.

René Magritte – Os Amantes, 1928 – óleo sobre tela – 54 x 73,4 cm – Museum of Modern Art (MoMA), New York, USA

O líder de equipe é o maestro

Imagem de Tatyana Kazakova por Pixabay

Outro dia eu estava escutando “Bolero” de Ravel, que creio ser uma das peças mais conhecidas mundialmente.

Concentrei-me no início, nos 3 primeiros instrumentos de sopro da obra: a flauta, o clarinete (2 vezes) e o fagote.

Fiz um teste com os sons individuais e mudei as posições. Comecei com o fagote, coloquei o clarinete em Si bemol, a flauta e o clarinete em Mi bemol. Ficou horrível!

E que interessante! Mesmos instrumentos, em ordem diferente, estragam tudo.

E assim eu vejo a gestão de uma equipe. Digamos que os instrumentos sejam nossos colaboradores. Cada um tem seu momento correto de se “fazer presente”, através de suas competências e habilidades. Mesmo dois colaboradores com a mesma formação têm suas habilidades diferenciadas.

Vi isso no clarinete, que utilizado em um tom diferente faz muita diferença (Si bemol e Mi bemol). Fazendo uma analogia, podemos ter dois profissionais com a mesma formação, por exemplo, químico ambiental. Só que um é especialista em resíduos e outro em efluentes. Aí estão as notas que harmonizam ou estragam a obra. Tem o momento certo para que cada especialista atue.

E de quem é a tarefa de fazer com que a obra seja apresentada de forma harmônica? O maestro.

E no nosso caso o maestro é o líder da equipe. É ele que identifica em que momento cada habilidade deve se colocada, cada detalhe faz a diferença. É ele que treina mais um músico que outro. É ele que sabe quem é melhor para usar o solo – naquela obra.

É ele que fica em silêncio fazendo sua equipe brilhar. É dele que emana a coesão, o tempo, as paradas, enfim, coloca em prática a habilidade de cada colaborador de sua equipe.

Agora, se a equipe é formada individualmente por ótimos profissionais, mas a “música” não sai assim tão boa, daquelas que você diz que já ouviu versões melhores – fique alerta – o problema não é a equipe, mas do líder.

Faça um teste, vá em um aplicativo qualquer de música ou vídeo e escute qualquer obra com diferentes maestros, você vai perceber a diferença.

E você, o que acha? Podemos comparar um líder de equipe a um maestro?