
Dia 11/11/2018 o site da BBC publicou uma matéria sobre a Expedição Langsdorff. Como em todos os comentários sobre a expedição, muito se fala dos cientistas envolvidos e das figuras dos artistas viajantes Rugendas e Taunay.
Muito pouco (ou quase nada!!) se fala de Hercule Florence, aquele que realmente foi responsável por termos acesso às informações (quase) completas da expedição.
Como descrito na matéria da BBC, o Barão contraiu malária e ficou muito doente, Rugendas brigou com o Barão e foi mandado embora, levando consigo mais de 500 ilustrações. Assim foi chamado outro pintor Adrien Taunay, que morreu afogado.
O que ninguém fala foi do trabalho de Hercule Florence, o ilustrador botânico esquecido que, além de fazer seu trabalho, ainda foi o responsável pelo diário da expedição quando o barão adoeceu. Graças a Hercule Florence que temos o registro da expedição.
Após sair da expedição, Florence se estabeleceu em Campinas e virou um cidadão brasileiro, com família, trabalho e mil projetos.
Durante a expedição, apaixonado pelo canto dos pássaros, ele redigiu o tratado intitulado Zoofonia. Este tratado consistia em transformar a vocalização de aves e animais da fauna brasileira em pautas convertidas em notas musicais. Este trabalho – pouco difundido – é considerado como o precursor da bioacústica, que trabalha com os sons entre espécies e sistema de comunicação animal.
Para divulgar sua zoofonia e seus trabalhos de ilustração, Hercule continua com suas inovações fantásticas no mundo das imagens, inventando a poligrafia colorida, o que seria hoje uma forma de impressora colorida (ver poligrafia da Anhupoca).
Em 1833 Florence inventou o processo fotográfico e o papel fotográfico . Ele fez através do uso de uma câmera escura, a primeira fixação de imagem em papel, utilizando o nitrato de prata. A este documento ele deu o nome de Fotografia. Ele foi o primeiro cientista a publicar não só o produto (fotografia) como o veículo (papel fotográfico) e o processo (utilização do nitrato de prata).
Sua descoberta foi mandada para Paris, mas jamais houve retorno, embora existam provas que o Ministério do Interior tenha recebido toda a documentação de Florence. E assim, em 1839, seis anos depois de Florence, foi dado como inventor da fotografia o francês Daguerre.
Como vemos, para o resto do mundo, inclusive atualmente, ainda somos um país de grandes inovadores obscurecido por sermos para o mundo eurocêntrico apenas um país de terceiro mundo.
A propósito das memórias da expedição Langsdorff, a única versão completa do manuscrito L’ami des Arts livré à lui-même, impresso pelo Instituto Hercule Florence.