As bruxas que me perdoem, mas hoje o nosso Saci também reina. Em 2003 foi elaborado o projeto de lei federal nº 2.762 que indicaria o dia 31/10 como dia do nosso personagem folclórico preferido.
Para contar a história ninguém melhor do que Câmara Cascudo, que em seu Dicionário do Folclore Brasileiro descreve nosso personagem como:
” Entidade maléfica em muitas, graciosa e zombeteira noutras oportunidades, comuns nos estados do sul.
Pequeno negrinho, com uma só perna, carapuça vermelha na cabeça que o faz encantado, ágil, astuto, amigo de fumar cachimbo, de entranças as crinas dos animais, depois de extenuá-los em correrias. Durante a noite, anuncia-se pelo assobio persistente e misterioso, ilocalizável e assombrador. Pode dar dinheiro.
Não atravessa água como todos os “encantados”. Diverte-se criando dificuldades domésticas, apagando o lume, queimando alimentos, espantando gado, espavorindo os viajantes nos caminhos solitários.

Há muita documentação sobre o Saci, origem e modificação. Os cronistas do Brasil colonial não o mencionam. Parece ter nascido no século 19 ou finais do antecedente. Conhecemos aves com seu nome.
O carapuço vermelho é o pileus romano, e já Petrônio (Satyricon, 38) registrava a crendice romana do pileus do íncubo dar riqueza a quem o arrebatasse. O negrinho buliçoso, visível ou invisível, troçando de todos aparece no folclore português.
Muito obrigada Camara Cascudo por seu trabalho maravilhoso em registrar nosso tão riquíssimo folclore.
Bibliografia:
CÂMARA CASCUDO, Luis. Dicionário do Folclore Brasileiro. Ediouro Publicações S.A. 930p. 1954.