Uma discussão muito interessante sobre a propriedade de obras de arte, cultura, patrimônio e até mesmo materiais genéticos. A quem pertence?
No dia 16/02/2019 eu tive o prazer de ser convidada pelo Museu de Astronomia e Ciências afins para participar de um debate sobre espólios de guerra e de expedições científicas.
O filme que foi a base para discussão foi “A Dama Dourada”, sobre a obra de Klimt no Museu Belvedere, na Áustria. O mais interessante que puxamos o debate justamente com a questão da emoção, pois torcemos muito pela protagonista (o filme é baseado em um caso real).
Mas depois de passada a comoção, vieram os questionamentos:
- Será que locais em guerra teriam como manter suas obras, por exemplo, o Iraque com o Portão de Ishtar (Babilônia)?
- Nós queremos nossas obras de arte e bens patrimoniais de volta mas temos condições de mantê-los? Quais ações de abrangência a outras instituições foram realizadas depois do incêndio do Museu Nacional?
- Se eu quero minhas obras de volta, porque não devolvo a dos outros, como o caso do canhão El Cristiano que está no Museu Histórico Nacional (RJ) e na verdade é um “troféu” do espólio da Guerra do Paraguai já com pedido formal de devolução pelo governo paraguaio, que inclusive nos chama de fraticidas?
- Porque nossos fósseis, animais e plantas (que pertencem à União) aparecem contrabandeados em países que pregam a devolução de espólios como EUA, Japão e alguns europeus?
É muito fácil tomarmos uma posição – contra ou a favor – sobre temas como este, mas a realidade é uma colcha de retalhos e um problema com infinitas nuances e possibilidades de solução, mas com certeza, assim como nós brasileiros não queremos devolver El Cristiano e nem tirar de um acervo o que é de procedência duvidosa, como dizer que os demais tem que fazê-lo?
